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Mostrando postagens de dezembro, 2013

Fones na alma

A música está alta. Não consigo escutar meus pensamentos. Só ouço o chiado forte do chimbal da bateria aberto tocando e o bumbo batendo repetidamente. A minha mente voa, perdida, privando-a de algo que eu não me lembro. Meus olhos estão vidrados no teto mofado onde várias manchas marrons apodrecem algo que fora branco algum dia. Um inseto voador que eu não faço ideia de qual seja pousa de cabeça para baixo no chão invertido que olho. Eu tiro o fone e o silêncio mais ensurdecedor que a música que escutava invade meus ouvidos. Então, eu escuto o zumbido do inseto baixinho. Ele está tão distante. Tão baixo. Talvez meus tímpanos não estejam bons depois de anos escutando guitarras gritantes. Recoloco meu fone e volto no exato momento do solo do baixo. É tão clichê gostar de guitarras! Imagino os dedos nus de uma das mãos do baixista batendo as cordas numa velocidade assustadora enquanto os outros dedos correm o braço de madeira do instrumentos e passam de uma corda para outra como dança